A lenda contada pelos Templários

A lenda contada pelos Templários

No processo movido contra a Ordem do Templo, foi muito comentada a existência de um certo ídolo ao qual eram atribuídos poderes sobre-humanos. Esse ídolo, com o qual os gnósticos reapresentavam o Deus eterno ou o Grande todo, tinha uma cabeça barbuda. 

 

Foi por isso que os leigos e inimigos de má-fé da Ordem acusaram os Templários* (*Templários - Odem de Cavaleiros criada pela Igreja Católica que Lutavam nas Cruzadas em nome de Jesus para obrigar os povos de outras religiões a se converterem ao catolicismo e ao cristianismo) de adorarem a cabeça de um bode. É claro que eles ignoravam que, desde os princípios mais remotos, a barba era considerada um símbolo de majestade, de paternidade e de força geratriz. Chamavam a este símbolo de “Bafometh”, palavra que em ocultismo significa “Batismo de Sabedoria”. Este símbolo, juntamente com o Galo, eram apresentados ao candidato durante a cerimônia de iniciação. Bafometh, para mostrar-lhe o novo Batismo como princípio de uma vida nova; e o Galo, ave que anuncia cantando o romper da aurora, para anunciar-lhe uma nova luz. Em vários Templos pertencentes à Ordem, foram encontrados outros signos e emblemas inseridos em baixo-relevo, em figuras esculpidas e em desenhos geométricos.

 

Os Templos mais famosos da Ordem tinham as paredes e as colunas decoradas com vários símbolos gnósticos: o esquadro, o compasso, a régua, a esfera celeste, o pentagrama, o candelabro e muitos outros. Num monumento Templário da Alemanha foi encontrado um tabernáculo que é uma rara obra de arte. Na tampa vê-se esculpida uma imagem da Natureza representada pela deusa Isis, completamente desnuda. Numa das mãos sustenta o disco solar e na outra, o crescente da Lua; a seus pés uma caveira entre um pentagrama e uma estrela de seis pontas, representando o sistema planetário, e as sucessivas purificações da alma através das sete esferas celestes. Nas outras faces vêem-se várias alego­rias referentes às cerimônias da iniciação que representam as provas da terra, do ar, da água, do fogo. O pórtico do Templo contém um baixo-relevo do túmulo de Cristo, igual ao que existe na famosa catedral de Notre-Dame de Paris. Nas colunas vêem­-se outras representações das provas de iniciação, o Falo e os Ctéis cabalísticos e a cruz dos mistérios egípcios.

A VERDADE SOBRE O BAFOMETH DOS TEMPLÁRIOS

Quando o Papa Clemente V tomou conhecimento das declarações contidas nas inquisições aos prisioneiros Templários, sua atitude mudou drasticamente: de defensor, tornou-se um dos acusado­res; e até hoje não se sabe bem a razão de tal atitude. Buscaremos esclarecer parte de suas razões: A Santa Sé encontrava-se, por acordo entre o Papa Clemente V e o Rei Felipe IV, encravada em território francês, mais precisamente em Avignon e, por esta razão, encontrava-se na realidade prisioneira de Felipe IV que disso se aproveitou para intimidar o Papa, inclusive ameaçando-o de morte com o uso da força física. 

Nada podendo fazer uma vez que se encontrava sob o jugo de Felipe, temendo pela própria vida, Clemente buscou ceder a seus caprichos. Porém esta não foi a única razão; a Santa Sé, mesmo prisioneira dentro do território francês (período este que mais tarde seria conhecido como o “Segundo Cativeiro da Babilônia”), ainda buscava protelar ou desconversar o Rei pois sabia que os intuitos reais eram vergonhosos e que iriam manchar não só a história da França, como também a de Roma, deixando uma nódoa vergonhosa na história do catolicismo; e o Papa, após ler os interrogatórios, muda drasticamente de atitude. O que teria feito o Papa mudar tão de repente de atitude? Segundo consta, o Papa Clemente ficou sabendo a verdadeira história de Bafometh que realmente o tinha assustado a ponto de fazê-lo condenar os Templários. Mas qual era essa verdadeira história nunca comentada pela Igreja Católica e que até hoje permanece em segredo? Buscaremos erguer mais uma ponta do véu de Isis e contá-la. Os Cavaleiros da Ordem do Tempo realmente saudavam uma figura híbrida composta da união de diversos pentáculos, cujo nome popular de Bafometh ainda é capaz de levar ao desespero a grande maioria dos profanos por ignorarem seu senti­do cabalístico. O nome Bafometh escrito na sua forma original, BAPHOMET, deve ser lido em sentido inverso, como todo cabalista o faria na língua do fogo. Obteremos, dessa forma:

TEMOHPAB — que oculta;

TEMOHP-AB — três abreviações chaves para a expressão:

 

Templi Omnium, Hominium Pacis Abbas, que significa:

O Pai do Templo, Paz Universal dos Homens, ou seja, O CRISTO CÓSMICO.

 

Simbolismo

A figura do andrógino mágico servia a três propósitos:

1. Amedrontar e afastar os profanos do reduto sagrado do Templo;

2.Testar a coragem e o conhecimento de novos cavaleiros, evitando que os covardes supersticiosos se infiltrassem na Ordem;

3.Velar o simbolismo sagrado aos olhos do leigo.

A figura do Bafomé, ou melhor, BAPHOMET, nada mais é que uma esfinge, ou seja, uma combinação de animais com a figura humana, diferindo do Bode de Mendes por apresentar um facho luminoso entre seus chifres — formando a letra hebraica SHIN, símbolo do equilíbrio divino entre as forças OD (força ativa) e OB (força passiva), por AOUR (força equilibrante).

Outra diferença entre o Baphomet dos Templários e o Bode de Sabat negro é o pentagrama ou a Estrela Flamejante dos Maçons (e não o pentagrama invertido) entre seus olhos o que é, por si só, um símbolo de magia branca.

A cabeça reúne caracteres de cão, burro e touro, e assemelha-se a um bode. Representa a mente do homem materialista e embrutecida (hoje a ciência se diz descobridora da mente triádica); geradora de todos os egos que devemos dissolver a fim de conhecermos nosso Eu Divino.

A parte inferior está coberta, representando os mistérios da oração universal, indicada somente pelo caduceu que está no lugar do órgão gerador, simbolizando a vida eterna. O ventre coberto de escamas representa a água; as penas que sobem até o peito, representam o volátil; o círculo em que está sentado, representa a atmosfera; os seios são de mulher trazendo assim, da humanidade, os sinais de redentores da maternidade e do trabalho.

Ele se senta num cubo, símbolo da pe­dra filosofal e da cruz de Hermes; suas pernas são as de um bode cujos fortes cascos podem levá-lo a pontos de difícil acesso e a alturas descomunais. Suas asas angelicais expressam a capacidade de elevação espiritual (Asiah, Jerisah, Briah, Aziluth).

Seus chifres são um antigo símbolo de sabedoria e divindade, análogos aos de Moisés e o facho luminoso traz a luz do Salva­dor, Jesus Cristo. Cabe lembrar que, na Judéia, dois bodes eram consagra­dos: um puro, outro impuro, sendo o puro sacrificado enquanto o outro era mandado para o deserto inóspito, para a expiação de seus pecados, a fim de reconquistar a liberdade.

Esta alegoria é análoga à do exílio da Capela, à expulsão de Adão do Paraíso e à promessa de redenção feita com a vinda do Cristo, razão pela qual os gnósticos também devam ao Cristo libertador a figura do bode.

Conclusão

Esta figura tão “monstruosa e temida” até nossos dias,

não passa de um hieróglifo que não difere muito das esfinges do Egito e da Pérsia, sendo também análoga à visão de Ezequiel. É, pois a representação do Grande Arcano Mágico, um enigma de­cifrado para o iniciado, cuja compreensão da Grande Obra de Deus é, sempre foi e sempre será motivo de pânico e desconfiança aos olhos do mundo profano. Esta é a verdadeira simbologia a respeito da figura venera­da pelos Templários que tanto fez o Papa Clemente V tremer, e que ao saber dela, da veneração Templária e de como os Cavaleiros Templários a decifram, viu a necessidade de condená-los e de extingui-los para que essa verdade não saísse da Santa Sé. No entanto, existem outras lendas que carregam alguma verdade e que também fazem o Papa tremer; uma delas fala da própria origem de Bafometh e uma outra explica as verdadeiras origens de Cristo, segunda a versão Templária.

 A primeira conta que um certo jovem, filho de uma nobre família da cidade de Cidon, na Fenícia, amava apaixonadamente uma jovem que veio a falecer antes mesmo que o jovem a conquistasse. Louco de amor e cheio de desejos, certa noite o jo­vem apaixonado invadiu o túmulo de sua amada e, com a mente transtornada, abriu o túmulo e saciou sua paixão sobre o cadáver da infeliz. Neste instante o jovem fidalgo ouviu uma voz misteriosa que lhe dizia: “Volte aqui decorridos nove meses e encontrarás o fruto do crime hediondo que acabas de praticar.” Na data fixada o jovem voltou ao túmulo e levantou a tampa. Com surpresa viu uma “cabeça barbada” que recolheu e levou consigo. Esta cabeça era dotada de poderes estranhos, entre os quais o de proferir oráculos sobre o passado, o presente e o futuro. Para o mundo profano, a lenda contada pelos Templários nada mais é do que o relato repugnante de um necrófago, mas para os iniciados familiarizados com interpretações simbólicas e esotéricas dos mistérios íniciáticos, a lenda da “Cabeça Misteriosa” encerra um tema muito profundo. Os iniciados sabem, por exemplo, que a virgem violentada representa a deusa Isis, e re­conhecem na lenda a eterna alegoria dos “amantes de Isis”. Aquele que ousa erguer o véu de Isis e interpretar com sabedoria e inteligência seus segredos e mistérios, obterá o batismo da Sabedoria e será superior em Glória, Poder e Força. Esta alegoria é velha como o tempo, e é a mãe de todas as alegorias esotéricas, entre as quais figura a alegoria da Arvore do conhecimento cujos frutos, uma vez colhidos, farão do iniciado que os comer, um deus. Finalmente, os iniciados nos mistérios de Isis reconhecem na lenda a fórmula esotérica muito usada pelos alquimistas: “A primeira matéria recolhe-se no sexo de Isis”.

O castelo medieval de Gisors, última sede-fortaleza da Ordem do Templo, é um livro simbólico cheio de sabedoria para aqueles que souberem ler e interpretar. A respeito desse castelo, eminentes historiadores já escreveram inúmeras obras e mui­tas outras poderiam ainda ser escritas sem que o assunto se esgote. Entre as inscrições misteriosas ( em latim arcaico) que se encontram no interior do castelo e da igreja de Gisors, vêem-se estas:

— Ísís Iaces in Vu/cain Sinu Fe/ice Emissa Es Ei/lis, ou seja:

“Ísis: estás oculta no VEXIM, enviada, felizmente, por teus filhos”.

— Quo Sidere Temp/um Ortum Esse Euam Rosa Spirare. Qua Docte Procedis in Corpore Isidis, ou seja:

“Que a Constelação foi Engendrada pelo Templo e que A Rosa é Preciso Aspirar. Se Fores Cauteloso Caminharás Sabiamente Sobre o Corpo de Ísis.’’

 

Estas informações e conhecimentos, para um profano, são por demais espantosas, causando quase temor, mas interpreta­das por iniciados, causam verdadeiras felicidades e trazem conhecimentos que o Papa não admitia serem propalados.

Escrito por Príncipe Asklépius D'Sparta

- Editora Madras Colab: Ir.'. Weber Varrasquim, 33º Campo Grande - MS - Brasil Abril 2.004 E.'.V.'.

Fonte :https://www.glusa.org/portal/index.php?option=com_content&view=frontpage&Itemid=1