Os Círculos nas Plantações (Crop Circles) são padrões geométricos que vêm surgindo em plantações de cereais em todo o mundo desde o fim da década de 70. Embora o fenômeno se concentre na Inglaterra - dois terços dos círculos foram descobertos em campos ingleses - estas formações já foram observadas em vários outros países como EUA, França, Japão, Canadá, Holanda, Hungria e Rússia. O nome do fenômeno se encontra um tanto envelhecido pelo tempo, pois nem todas as formações conhecidas são circulares nem apareceram exclusivamente em plantações, já tendo sido observadas sobre neve, areia e sobre a superfície de lagos congelados.
Dos círculos ingleses, 80% (esta estatística varia de acordo com a fonte e o critério de contagem) foram produzidos no Sul da Inglaterra em uma área denominada "Triângulo Místico", cujos vértices seriam os sítios de Stonehenge, Avebury e Glastonsbury. Este fato por si só já bastaria para conferir ao fenômeno uma atmosfera mística, mas, além disso, é muito freqüente estarem associados à descoberta dos círculos relatos de sons estranhos, luzes coloridas e aparição de OVNIs.
Os círculos nos campos permaneceram um mistério sem pistas até 1991, quando dois aposentados ingleses, Doug Bower and Dave Chorley, admitiram ter feito mais de 250 círculos desde 1978. Se para a mídia e para os cientistas em geral o mistério pareceu resolvido, a maioria dos cerealogistas (como são conhecidos os investigadores dos círculos) não se satisfez com a declaração de Doug e Dave. Declararam ser impossível que dois senhores de idade pudessem ter feito círculos de tamanha engenhosidade e enganado todos os investigadores durante mais de uma década. Acusaram os aposentados de contradições em suas declarações e afirmaram categorigamente que aquilo não passava de uma bem orquestrada armação de orgãos internacionais (mais precisamente um conluio entre a CIA, o MI-5, o serviço secreto alemão e o Vaticano) para desestimular a busca pela verdade sobre os círculos e desmoralizar os estudiosos. Para os cerealogistas a declaração de Doug e Dave, longe de encerrar o caso, tornou-o mais interessante, pois agora havia provas que forças ocultas estariam tentando esconder a verdade do público.
Atualmente os pesquisadores já contam mais de 10.000 círculos observados desde meados dos anos 70 (outra estatística que varia bastante de acordo com o critério de contagem). De lá para cá, os círculos se tornaram maiores, mais complexos e se espalharam pelo mundo. Atualmente o fenômeno vive um momento só comparável ao início da década de 90. O filme "Signs" do badalado diretor M. Nigth Shyamalan's ("Sexto Sentido"), previsto para estrear em agosto deste ano, provavelmente fará pelos círculos nas plantações o que os incontáveis filmes de alienígenas verdes fizeram pelos UFOs: calará fundo o tema no imaginário coletivo.
O que dizem os caçadores de círculos
Como seria de se esperar, os estudiosos dos fenômenos dos círculos nos campos, como os demais estudiosos de assuntos paranormais (onde por paranormal entenda-se o que está fora dos limite da experiência normal) são de composição mista, variando desde o estudioso que utiliza pelo menos um mínimo de aparato científico até o mais evidente charlatão que mistura este fenômeno num enorme caldeirão místico onde já estão artes divinatórias (existem "cartas de oráculo" baseadas nos círculos), médiuns, curandeiros, fantasmas, etc.
A maioria dos cerealogistas reconhece que vários do círculos foram e continuam sendo feitos por pessoas com intenções variadas, que iriam desde a simples vontade de aparecer até a tentativa deliberada de desacreditar o fenômeno, mas acreditam que a maioria dos círculos possuem características que não poderiam ser reproduzidas por seres humanos. Seriam elas:
(1) Presença de quantidades anormais de radiação eletromagnética;
(2) Hastes das plantas dobradas e não quebradas;
(3) Alterações biofísicas nas plantas;
(4) Aparelhos elétricos e magnéticos como câmeras, bússolas e celulares que não funcionam no interior dos círculos.
Outras características menos comuns relatadas por testemunhas incluem alterações do espaço-tempo no interior dos círculos (documentadas por fotografias (!?) e relógios que param), depósitos microscópicos de material de meteoritos e sensações de desconforto, como tonturas e vômitos, no interior dos círculos.
Uma vez descartada a hipótese de que TODOS os círculos tenham sido feitos por seres humanos, há ou houve pelo menos três teorias sobre quem estaria criando os círculos "genuínos":
(1) Os Círculos são criados por extraterrestres ou "inteligências superiores";
(2) Os Círculos são criados pela própria Terra, que seria uma entidade viva (chamada de Gaia) provavelmente através de vórtices de vento ou plasma;
(3) Os Círculos são criados espontaneamente por uma espécie de força geo-magnética;
As duas últimas hipóteses parecem ter sido abandonadas recentemente devido ao aparecimento em agosto de 2001 de duas formações bastante especiais: uma retratando uma face humana (ou extra-humana) e outra reproduzindo o código transmitido ao espaço em 1974 pelo radio-telescópio de Arecibo como parte do programa SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence). É geralmente aceito que estas formações exigiram uma entidade criadora com algum grau de inteligência.
Mais importante do que quem poderia estar fazendo os círculos é como eles estão sendo feitos. Sobre isso os pesquisadores tem menos pistas, ou menos campo para especular. O que se sabe é que quase a totalidade dos círculos foi criada da noite para o dia, embora existam alguns poucos relatos de círculos (pouco críveis mesmo entre os estudiosos) que parecem ter sido criados em questão de minutos ou até mesmo segundos. A teoria dos vórtices de vento ou "energias de plasma" como um fenômeno meramente meteorológico esteve muito em voga durante o início do fenômeno, mas não pôde dar conta da complexidade crescente dos círculos ao longo dos anos. Em julho de 2001 o Dr. Eltjo Haselhoff publicou um trabalho no jornal "Physiologa Plantarum" onde concluiu que as modificações estruturais supostamente sofridas pelas plantas no interior dos círculos poderiam ser explicadas por "bolas de luz" aquecendo o campo (bolas de luz costumam ser observadas em conjunção com os círculos). Sobre a natureza destas bolas e como elas fariam para aplainar as plantas ainda não há hipóteses.
Não sabendo quem e menos ainda como, o porquê os círculos são formados tem mais opções. É geralmente aceito que alguém ou alguma coisa está tentando comunicar algo. Assim muitos vêem na geometria intricada dos círculos uma linguagem através da qual se transmite uma variedade de complexas informações tais como figuras de animais e insetos, símbolos representando deuses e deusas, símbolos genéticos, códigos de viagem no tempo, arquétipos cósmicos, circuitos elétricos, dispositivos espaciais, símbolos astronômicos e astrológicos e até mesmo "insígnias do povo das estrelas".
Uma pista para a suposta mensagem e seus supostos autores pode estar na localização dos círculos. Há quem sustente que a região em que a maioria dos círculos está localizada é um chacra da Terra (no homem um chacra seria o ponto onde a alma está presa ao corpo) e que tal local é "um portal para energias cósmicas onde o véu entre as dimensões é muito tênue" (algo como "As Brumas de Avalon"...). Estes estudiosos afirmam existirem fortes evidências que os círculos são na verdade símbolos representando chacras humanos. Segundo esta interpretação, a formação do Castelo de Barbury, um dos círculos mais famosos, é associado "a estrutura etéria de Gaia, a mãe Terra". Outra formação, a Roda Dármica, estaria, segundo os mesmos peritos, relacionada ao desenvolvimento espiritual do homem. Existem ainda aqueles que relacionam o aparecimento dos círculos a sonhos e outros correlacionam suas mensagens ao livro do Apocalipse. Em www.greatdreams.com, o autor vai um pouco mais longe e correlaciona os círculos nos campos com o atentado de 11 de setembro.
Independente de quem, como e por quê, de forma quase unânime os pesquisadores acreditam haver algum tipo de conspiração envolvendo os governos de vários países, incluindo o Vaticano, para tentar abafar a verdade sobre os círculos, seja ela qual for. Segundo eles, algumas pessoas, com o apoio da mídia, estariam sendo pagas para fazer círculos ou para assumir a autoria de círculos que não fizeram com o propósito de ridicularizar o fenômeno e os pesquisadores, mantendo a verdade oculta.
O que dizem os céticos
A opinião dos céticos é simples: todos os círculos encontrados até hoje, foram feitos por homens. Provas e documentação neste sentido não faltariam. Um dos principais argumentos dos cerealogistas é de que os círculos mais complexos já encontrados - como o Triple Julia Set - não poderiam ser feitos pelas pessoas que os assumiram, simplesmente porque não haveria tempo para isso (as noites de verão inglesa tem apenas 4 ou 5 horas). Entretanto vários grupos já fizeram círculos de extrema complexidade diante de câmeras para programas de televisão em até 4 horas.
Um dos grupos mais famosos de fazedores de círculos ingleses entitula-se "The Circlemakers" e é formado por Rod Dickinson, Jonh Lundberg, Wil Russel e Rob Irving. Seu sitewww.circlemakers.org contém extenso material sobre todo o fenômeno, entendido por eles como um fenômeno cultural e não místico. Neste local pode-se encontrar um guia das técnicas e materiais utilizados para a construção dos círculos, detalhes (como explicações de como é a brisa batendo nas fitas usadas para marcação que gera os sons estranhos relacionados aos círculos) e dicas, tais como a escolha do melhor local, onde estacionar o carro durante a noite e especialmente como enganar os cerealogistas fazendo o círculo parecer "genuíno".
Sobre as alegadas transformações sofridas pelas plantas no interior dos círculos, os céticos dizem que o único estudo sério até o momento, conduzido pelo biofísico Dr. Levengood possui sérias falhas na maneira como foi conduzido e que suas interpretações dos resultados são tendenciosas (Levengood afinal é defensor da teoria que os círculos são criados por vórtices de plasma). Segundo Joe Nickel, pesquisador do CSICOP (Committee for Scientific Investigation of Claims of the Paranormal), a única conclusão a que o Dr. Levengood chega em seu artigo é de que existe uma correlação entre as alterações celulares e estruturais das plantas e a sua posição no interior do círculo. O problema é que correlação não implica em causalidade como provou o matemático John Allen Paulos ao mostrar, por exemplo, que existe correlação entre a habilidade matemática e o número do sapato de um grupo de estudantes ("Statistics Often Misused to Cite Links as Causes," Lexington Herald-Leader (Lexington, Ky.), January 5, 1995.).
Alguns exemplos:
A "mensagem de Chilbolton" e a "Face de Chibolton" foram as formações de maior impacto observadas até hoje, nem tanto pela complexidade, mas pelas conseqüências que trazem ao estudo do fenômeno. Estas duas formações apareceram em agosto de 2001 com apenas uma semana de diferença, em um campo ao lado do observatório de Chilbotlton em Hampshire.
A "Face" tem sido frequentemente comparada à "face de Marte", uma formação rochosa na superfície de Marte que devido à iluminação se assemelha a uma face humana, e que para os ufólogos seria a prova de que há ou já houve vida naquele planeta. Isto seria o bastante para deixar estupefatos os cerealogistas e ufólogos de todo o mundo, mas nem isso os preparou para o que veio uma semana depois.
Em 1974 o radiotelescópio de Arecibo em Porto Rico enviou uma mensagem de rádio em direção às estrelas na tentativa de estabelecer contato com possível vida extraterrestre. Esta mensagem, transmitida em código binário, continha várias informações sobre nossa raça como um mapa da localização da Terra no sistema solar, a estrutura em hélice do DNA humano, a população da Terra e uma imagem humana. Pois a formação descoberta nas plantações inglesas, uma semana depois da "Face" e bem ao lado dela, é uma cópia modificada daquela mensagem. Contém no lugar da figura humana, a figura humanóide de um alienígena, um DNA modificado com um hélice extra contendo sílicio em sua composição, um conjunto de planetas diferente do nosso e o número 21 bilhões no lugar da população da Terra. A discussão sobre o significado da mensagem, a réplica da SETI e a tréplica dos cerealogistas (esta sim, nonsense) pode ser encontrada nos links:
www.cropcircleresearch.com/articles/arecibo.html
www.seti.org/general/ao_message_crop.html
5thworld.com/Chilbolton/ChilboltonCode.html
As implicações destas duas formações são claras: uma vez que se aceita que elas não tenham sido criadas por boateiros, se é forçado a admitir uma origem alienígena abandonando as outras teorias.
A mensagem de Chibolton, a mensagem original enviada pelo programa SETI ao espaço e a face de Chibolton
Fotografia aérea mostrando as duas formações
A formação de Milk Hill com 409 círculos é provavelmente a maior, mais impressionante, mais bela e mais complexa jamais construída (o ponto preto que você NÃO consegue ver no círculo central é uma pessoa). Os cerealogistas o receberam com entusiasmo, pois acreditaram finalmente ter encontrado um círculo acima de qualquer dúvida, um que não poderia ter sido feito por homens em apenas uma noite de trabalho. Nenhum grupo assumiu sua autoria até o momento.
A curiosa história do Círculo Húngaro
Em 8 de junho de 1992 um círculo simples de apenas 36 metros foi encontrado em uma plantação de trigo numa cidade próxima à Budapeste. Ufólogos de todo o país logo chegaram à região e um especialista disse ter medidos níveis anormais de radiação no interior do círculo. Outro especialista, o ufólogo Laszlo Marnitz, deu entrevista ao jornal regional 'Kurirum' dizendo que não havia meios do círculo ter sido criado por humanos pois as plantas estavam apenas dobradas e não quebradas. Com o passar do tempo vários moradores locais relataram terem visto OVNIs e misteriosas luzes coloridas nos dias que antecederam à descoberta do círculo. Curiosos infestaram a cidade e acamparam ao redor do local da suposta aparição esperando que o OVNI retornasse; muitos se colocavam no centro do círculo esperando ser afetados por alguma "energia mágica" que o círculo pudesse possuir.
Em 3 de setembro dois jovens de 17 anos, estudantes de uma escola de agricultura, assumiram a autoria do círculo e provaram o que diziam mostrando fotos da plantação antes e depois de terem feito os círculos. Os garotos foram processados pela empresa dona do terreno que teve suas plantações destruídas pelas hordas de curiosos, mas a conta foi paga pela emissora de TV que levou ao ar o especial da história, num grande furo de reportagem.
O Círculo Húngaro é um exemplo típico do que acontece quando a ânsia em se crer no paranormal prevalece sobre o bom senso. A história toda está emwww.circlemakers.org/hungary.html
Uma prévia Conclusão
Apesar de pesquisadores afirmarem que "amostras de plantas dos círculos dos campos têm sido cientificamente testadas por alguns dos melhores biólogos da Terra", não é possível encontrar artigos nem referências bibliográficas sobre nenhuma pesquisa científica corretamente conduzida, com métodos que excluam qualquer parcialidade tendenciosa, que tenham demonstrado que houve realmente alterações físicas sofridas pelas plantas nos locais de alguns dos círculos. Considerando que o tema é estudado há mais de vinte anos por centenas de pesquisadores em todo o mundo, considerando que o material para estudo é farto - surge no mínimo um círculo por dia na Inglaterra durante o verão - e considerando que os ensaios e técnicas requeridas em um estudo desta natureza são relativamente simples, não deveria ser difícil produzir e duplicar trabalhos comprovadamente isentos, que pudessem ser aceitos pela comunidade científica. O fato de tal estudo ainda não existir é o fato mais estranho em toda a história dos círculos nas plantações.
Em contraste com a falta de evidências realmente científicas e definitivas de origem extra-humana dos círculos, existe abundante e farto material documentado mostrando pessoas fazendo círculos. Muitos deles, por sua complexidade e perfeição, enganaram pesquisadores de longa data que declararam serem estes círculos genuínos, o que não é realmente uma surpresa devido à falta de critério existente para classificar um círculo como "genuíno" ou "falso".
As novas formações de Chibolton encurralaram os cerealogistas e os forçaram a excluir qualquer hipótese que não inclua alienígenas. Porque uma raça capaz de construir um artefato para atravessar milhares de anos-luz escolhe se comunicar com a raça humana através de mensagens em plantações é um mistério maior do que a própria mensagem. Para dizer o mínimo.
Ou seja, de um lado seres perfeitamente humanos buscando atenção, alimentando um mito ou simplesmente fazendo arte em campos de cereais. De outro seres extraterrestres de hábitos noturnos, ignorando sua avançada tecnologia e gravando enigmáticas mensagens em plantações de cereais, que só não foram descobertos ainda por causa da intervenção velada de agências secretas internacionais. As duas teorias explicam os círculos nas plantações. Qual você escolhe?
Talvez o falecido Carl Sagan estivesse certo quando dizia que o único motivo para a persistência dos círculos nas plantações é o dinheiro que o fenômeno movimenta.